"Os homens ensinaram que a vida pode seguir dois caminhos: o caminho da natureza e o caminho da graça". Essa frase é uma das primeiras e mais importantes de A Árvore da Vida, apontado por muitos como o melhor (ou o pior) filme do ano até agora. A frase aponta os dois caminhos que se pode escolher para seguir a vida; o caminho natural, instintivo e profano, e o caminho divino, do auto-controle. Há como ser feliz seguindo qualquer um dos dois, mas a escolha deve ser definitiva.
A Árvore da Vida conta a história de uma família americana dos anos 50, cujo chefe é um pai rígido e opressor e a mãe é o porto-seguro de afeição dos filhos, sob a perspectiva do filho mais velho. Sean Penn vive esse filho (apesar de não ser o protagonista ou o narrador), que, mesmo vivendo nos dias atuais, ainda sofre com o trauma da morte do irmão. Num dia melancólico, ele resolve reviver suas memórias de família.
Bom, devo dizer que A Árvore da Vida é um dos filmes mais desafiadores que eu já assisti, superando filmes como Donnie Darko e Fonte da Vida). Ele é diferente de tudo que já vi, desde alguns diálogos - repletos de frases (e imagens!) subjetivas - até imagens de coisas banais, como uma borboleta ou o voo de pássaros, parecem ser coisas completamente diferentes e assumem vários significados. Ele não é nem de longe um filme fácil; é preciso muita paciência e atenção para assisti-lo (pense no esforço para assistir A Origem e nos momentos que você precisou parar para pensar em Cisne Negro). Vi tanto gente dizendo que o filme é "o melhor do ano" (mesmo sem o ano ter acabado ainda), quanto gente dizendo que o filme é "duas horas de imagens aleatórias e frases sem sentido". Ou seja, ou você ama ou odeia. (Ah, muita gente diz que o filme é chato: essa galera deveria saber que o filme original tem 6 horas de duração, essa aí é só a parte editada, OU SEJA)
A Árvore da Vida tem como "foco" um garoto aprendendo a amar e a odiar. Várias cenas são bem emocionantes, como quando o pai ensina o filho a se defender, num exercício que mais os afasta que os une, ou quando o garoto nasce e vemos o pai maravilhado com o pé do filho. Brad Pitt está muito bem no papel do pai autoritário, mas a melhor atuação do filme é da desconhecidíssima Jessica Chastain no papel da mãe amável. Melhor atuação feminina desde... Natalie Portman, em Cisne Negro! Quanto aos termos técnicos, vi um crítico dizendo que A Árvore da Vida é o "filme mais bonito da história", e, olha, acho que não discordo. A fotografia, assim como a trilha sonora, é perfeita, bastante peculiar e fundamental para o "funcionamento" da história.
O tema do filme é universal; não tem como não se identificar com um menino que questiona "Por que eu tenho que ser bom se você não é?" (numa pergunta que não fica clara se é para o pai, para o próprio Deus ou para os dois), com uma mulher que vê seus filhos crescerem num piscar de olhos, com um ~namoro~ pré-adolescente, com alguém que se pergunta se deve crer em Deus ou não, com a compaixão que um dinossauro grande sente por um pequeno e indefeso... (Sim, tem dinossauros no filme!) A questão religiosa é muito mais profunda do que aparenta: Deus é por vezes visto como um pai malvado, mas é também a razão de tudo. A "Criação de Deus" também aparece no filme numa sequência que remonta a origem do universo e da vida na Terra. Mas o que isso tem a ver com a história original, da família do Brad Pitt?
Tudo. Para narrar a relação entre os pais e os filhos, os filhos e o mundo, o filme mostra, de forma literal, o Big Bang, as explosões vulcânicas, os primeiros seres vivos, os organismos unicelulares... Tudo para mostrar que para entender a história de uma família, é necessário entender a história do mundo, da vida, porque tudo está conectado, tudo pertence a mesma coisa - a Criação.
A Árvore da Vida conquista também pelos detalhes, que são vários; desde a falta de um furo na orelha da mãe até a forma de segurar um talher. Mas muita coisa é realmente bastante complicada para entender. Dá para perceber que, quando o personagem do Sean Penn nasce e passa uma cena de uma casa submersa e um menino saindo dela a nado, isso é uma analogia a saída do útero. Ok. Mas alguns simbolismos são tão desafiadores que a gente acaba desistindo de entender algumas partes - como um caixão de vidro no meio da floresta (?). O final é também bastante enigmático, mas ao mesmo tempo bem esclarecedor. Deixa bem claro que o mais importante, por mais clichê que isso soe, é o amor. Talvez uma das frases mais quotáveis do filme é: "A única forma de ser feliz é amando. Sem o amor, sua vida passará como um relâmpago."
Enfim, assistir ao filme é uma experiência inesquecível. Ele é merecedor de todos os elogios que vem ganhando, até os mais exagerados e emocionados (ganhou o prêmio principal de Cannes e é um forte candidato a melhor filme no Oscar do ano que vem). A Árvore da Vida é uma história simples e complexa ao mesmo tempo, um filme sensível e bonito sobre amor, perdão, família, Deus e sobre o sentido da vida.
A Árvore da Vida (2011)
4.87/5
Com Brad Pitt (Bastardos Inglórios), Jessica Chastain (Histórias Cruzadas), Sean Penn (Milk - A Voz da Igualdade), Fiona Shaw (Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1), Nicolas Gonga (Doze Homens e um Outro Segredo) e Hunter McCracken.
menine, tô baixando. Já imaginava o quão bom era esse filme. E olha, vai parecer exagero, mas acho que Brad Pitt tá se eternizando viu. Que carreira incrível ele vem construindo de uns anos pra cá. :)
ResponderExcluirOlha que legal esse blog *O* Ainda mais com o Edward ♥ por aqui também,rs.
ResponderExcluirBeijos.