segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Taxi Driver (1976)

Até onde a solidão pode levar um homem ou uma mulher? A alienação e o deslocamento são produtos da sociedade ou são naturais do ser humano? E qual o papel da violência em meio a tudo isso? Essas são só algumas das questões levantadas por Taxi Driver, clássico de Scorsese, de 1976.

tentei fazer alguma piada sobre o cabelo dele, mas não consegui
O filme conta a história de Travis, um veterano de guerra, que se sente alheio a tudo e bastante deslocado da vida em sociedade. Ele nutre um ódio enorme pela "sujeira do mundo", representado pelos guetos da cidade de Nova York, e começa a exercer sua psicopatia depois de conhecer Iris, uma prostituta infantil.
Devo dizer que nunca vi um filme do Scorsese antes, e acho que comecei bem. Taxi Driver é um conto bem peculiar sobre um homem deslocado e sozinho, que, como sofre de insônia (lembrou de Clube da Luta?), passa as noite observando a cidade em seu táxi. A primeira metade do filme é bem lenta - com umas partes meio monótonas, mas nada que atrapalhe o ritmo do filme -, mostrando a relação do Travis com seus colegas de trabalho e com uma militante de um partido político pela qual ele acaba se afeiçoando. O filme mostra o taxista como um alienado em sua própria solidão; ele demora a responder perguntas, não tem noção do que é ou não é aceitável (quem, afinal, levaria alguém para um cinema pornô no primeiro encontro?), etc. E a gente só se impressiona com toda essa alienação graças a atuação incrível do Robert de Niro. Ele segura o filme inteiro com seus trejeitos de psicopata-social (vide Dexter) e impressiona mais ainda quando libera todo esse lado violento.


Acho que todo mundo conhece aquela cena do "are you talking to me?". Talvez este seja o monólogo mais famoso do cinema; é a cena na qual o Travis questiona seu comportamento passivo, logo depois de conhecer uma menina prostituta (interpretada pela Jodie Foster aos 14 anos!) e resolver libertá-la de seu cafetão. É a partir daí que o filme fica mais interessante: a gente conhece o "verdadeiro Travis", prestes a fazer justiça com as próprias mãos.
O filme é cultuadíssimo, e não falta cinéfilo dizendo que se aproxima de O Poderoso Chefão em termos técnicos. Para completar, o final é bem contraditório, dando margem a várias interpretações.
Enfim, Taxi Driver tem atuações ótimas, direção e trilha sonora idem - apesar de um solo irritante de saxofone que toca o-filme-inteiro. É uma experiência super válida e um dos melhores dramas (e thrillers psicológicos, apesar do ritmo lento) sobre psicopatia já feitos.

Taxi Driver (1976)
4.47/5
Com Robert De Niro (Entrando Numa Fria), Peter Boyle (Meu Papai É Noel), Jodie Foster (O Quarto do Pânico), Cybill Shepherd (The L World) e Harvey Keitel (Pulp Fiction).

2 comentários:

  1. Taxi Driver é muito, muito bom. E sim, normalmente ele não pega de primeira. Você vai se acostumando e entrando na mente de um homem, muito só, que vai evoluindo pra um assassino "justiceiro". Aì você lembra daqueles assassinos super comuns na vida real norte americana, que entram em escolas, sem motivos concretos, e saem matando todos. Aqui aconteceu né... e você vê o contraste da pessoa. Lembrei de Clube da luta quando assisti a esse filme (pq assisti primeiro Clube da Luta, depois o Taxi). Ah, e dicona: robert de Niro, pra mim, é um dos melhores atores da história do cinema. E tem uma longa relação com Scorsese. Vale a pena, muito, pegar a filmografia dele, descartar os Entrando numa Fria, e conferir :)))

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  2. Nunca vi, mas já está na minha lista, com certeza :D

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