Musical nunca foi um gênero que a maioria das pessoas morressem de amores. Galera tem certo preconceito com os personagens que saem cantando em mesas de restaurante, o que acho meio injusto, visto que é um gênero que eu gosto bastante e de quase tudo que lembra ele (curto até alguns musicais que a maioria das pessoas acha sem graça, como Nine e Fame, ou infantil, como o <3 novo filme dos Muppets <3). E quando a gente fala de musicais logo vem a mente aqueles que todo mundo conhece, tipo A Noviça Rebelde ou Moulin Rouge. Mas há aqueles musicais que ficam bem renegados, talvez pelas músicas não serem muito populares ou qualquer outro motivo. Enfim, aqui um top 3 de alguns musicais que a vida deixou mais obscuros que Sweeney Todd.
não tem nada a ver mas eu não queria deixar sem gif |
#3 Dancer in the Dark (2000)
Talvez esse não seja um dos mais esquecidos, porque é dirigido pelo Lars von Trier, mas deve ser o mais evitado pela sinopse depressiva, risos. Sério, o coloquei aqui porque dentre os musicais que muitos fãs de musicais não viram, esse chama muita atenção pela história lifechanging; é um dos raros musicais em que as músicas não são sempre os pontos altos. O filme é chocante demais e a atuação da Björk (que eu detesto) tá tão verdadeira, tão crível, que torna o filme ainda mais verossímil. As músicas são bem a cara da Björk, mas não tão ruins assim rs, e os números musicais assumem um ar de fantasia típico dos musicais mais clássicos, como Mary Poppins e Cantando na Chuva. A história é de uma imigrante tcheca que trabalha todos os dias com o objetivo de juntar dinheiro para fazer uma cirurgia no seu filho que tem uma doença hereditária que o deixará cego em pouco tempo. E, durante a noite, ela ensaia os números de alguns dos seus musicais favoritos para esquecer das mágoas da vida.
Vale muitíssimo a pena. Tocante, surpreendente e um dos filmes mais tristes que já vi na vida. Labradores morrendo é fichinha perto desse aí.
Dançando no Escuro (2000)
4.67/5
Com Björk, Catherine Deneuve (Nip/Tuck), David Morse (À Espera de um Milagre) e Joel Grey (Cabaret)
#2 Rent (2005)
Rent trata de um grupo de amigos vivendo no East Side no fim dos anos 80, e usando a arte como protesto pelo pagamento do aluguel. Eles também tem que lidar com as drogas, a sexualidade e a sombra da AIDS.
Esse é um musical em que as músicas ocupam grande destaque e são bem empolgantes. É tudo muito bem coreografado, cantado e tem aqueles momentos musicais misturados com diálogos, que eu curto muito e que não costuma acontecer em musicais mainstream (à exceção de Dreamgirls, por exemplo). Minhas músicas favoritas são "Seasons of Love", "La Vie Boheme" e "Take Me or Leave Me". Aliás, a escolha de cenário também foi muito boa; a NY dos anos 80 está muito bem representada com tudo que a gente costuma conhecer, sem muita romantização. Outro ponto positivo é que o filme deixa bem claro que, ao contrário do que muita gente pensa, não só são os gays, trans e usuários de drogas que correm o risco de ter AIDS: ele mostra donas de casa, heterossexuais, pessoas "comuns" vivendo à sombra do vírus.
Mas o filme tem seus pontos negativos também. A maioria dos atores vieram direto do espetáculo da Broadway, e dá pra perceber que algumas atuações ficaram bastante teatrais. O filme também parece que não foi muito bem dirigido; a iluminação do cenário, por exemplo, às vezes é bem ruinzinha (em alguns momentos não dá pra ver o rosto dos personagens, rs).
Mas, em geral, o filme é uma surpresa muito boa, um daqueles musicais com uma história boa e números musicais ainda melhores. Fiquem ligadinhos.
Rent - Os Boêmios (2005)
3.67/5
Com Anthony Rapp (Uma Mente Brilhante), Rosario Dawson (Percy Jackson e os Olimpianos: O Ladrão de Raios), Adam Pascal (Escola de Rock), Idina Menzel (Glee), Jesse L. Martins (Law & Order), Tracie Thoms (O Diabo Veste Prada) e Wilson Jermaine Heredia (Ninguém é Perfeito)
#1 Les Chansons d'Amour (2007)
Esse é um dos meus filmes preferidos de todos os tempos. A temática, os diálogos, o cenário, os atores, os números musicais, tudo tão bem construído e com uma sensibilidade tão grande e tão invulgar, atípicos dos musicais mais comerciais, que tendem a ser bem dramáticos e grandiosos, fazem desse filme um dos melhores filmes franceses de todos - e, curiosamente, um dos filmes franceses menos conhecidos aqui no Brasil. As músicas são bem melancólicas e funcionam como diálogos e monólogos, apesar de nada ser muito objetivo.
O filme aborda a história de um ménage à trois interrompido por uma súbita tragédia e a reconstrução das duas partes que sobraram depois dela, tudo sob o ponto de vista de Ismaël, que vai ter que reaprender a amar e a se relacionar.
O filme é de uma sensibilidade enorme (acho que já falei isso, né?) e aborda a sexualidade de uma forma bem natural, o que deixa tudo muito sutil, e a história acaba fluindo muito bem. É tudo bastante crível, os relacionamentos são mostrados da forma que são, cheio de idas e vindas, de altos e baixos (algo que me lembrou "Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos", do Woody Allen, que é um pouco mais cru que Canções de Amor).
Arrisco a dizer que é o melhor filme do Christophe Honoré - que, aliás, ano passado lançou outro musical, fiquem ligadinhos - e do Louis Garrel. Vale completamente a pena.
Canções de Amor (2007)
4.81/5
Com Louis Garrel (Os Sonhadores), Ludivine Sagnier (Peter Pan), Clotilde Hesme (A Bela Junie), Grégoire Leprince-Ringuet (A Bela Junie) e Chiara Mastroiani (A Bela Junie)